Há exatamente 17 anos, a santa-mariense Fernanda Lima nascia de novo. Primeira transplantada do Centro de Tratamento de Medula Óssea (CTMO) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) pelo SUS, a secretária de 36 anos ainda se emociona ao falar sobre o seu transplante.
Por mais bem resolvida que eu esteja, é sempre difícil falar sobre isso por uma questão de emoção. Quando passamos por uma doença, aprendemos a ver um outro lado da vida. Passamos a dar valor a pequenas coisas, e passamos a saber que a felicidade da vida consiste em pequenos momentos diz a santa-mariense, que hoje mora em Porto Alegre.
Ser doador é simples e vale uma vida para quem recebe
Fernanda morava, na época, em Santa Cruz do Sul. Precisou ficar um ano em Santa Maria para fazer o tratamento, que incluía sessões de quimioterapia. Ela lembra com emoção do dia em que recebeu a notícia que suas duas irmãs, Flávia e Renata, eram compatíveis com ela e podiam fazer a doação. Foi de Flávia, 33, que a irmã recebeu a medula. O transplante de medula óssea foi realizado no dia 18 de agosto de 1998.
Fernanda (ao centro) ao lado das irmãs, Flávia (esq.), que doou a medula, e Renata
Depois de passar pela dificuldade da doença e da necessidade do transplante, Fernanda se tornou uma apoiadora da causa. Hoje, a santa-mariense é voluntária do Instituto do Câncer Infantil de Porto Alegre, e participa de eventos com palestras para incentivar a doação de órgãos, medula, sangue e plaquetas.
Eu não sei dizer quem fica mais feliz quando há uma doação: se é quem recebe um órgão e tem a possibilidade do renascimento, ou se quem doa, e que pode possibilitar a nova vida. Mas com certeza é uma felicidade de mão dupla _ diz.
Emocionada com a lembrança do aniversário do seu renascimento, Fernanda reafirma tudo o que mudou 17 anos depois de ter feito o transplante, e dá o recado:
É preciso valorizar as pessoas que estão ao seu redor. Precisamos ser mais solidários, mais humanos, perder o egoísmo, e não esperar para ajudar só quando acontecer algo com alguém da sua família. Você não deve achar que amanhã vai ser feliz, sendo que hoje você é feliz e não se dá conta.
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